quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cinema como inclusão digital - entrevista com Biah Werther

Oi, pessoal.!!! Hoje a gente vai entrevistar a Biah Werther, cineasta gaúcha que faz filmes independentes. Ela dirige o cineclube Cine8, que realizou vários filmes premiados (nos quais Biah já trabalhou como atriz, diretora e diretora de arte). Ela também é uma das responsáveis pelo FLÔ (Festival de Cinema Livre Olhar), que defende o cinema como inclusão. Biah também participou de outro projeto social bem legal, o Cinema na Mochila, do qual ela fala com a gente a seguir.


Galera - Qual o projeto de inclusão social mais importante que você já participou?

Já trabalhei em alguns projetos de inclusão social através do cinema. Mas o que considero mais importante é o Cinema na Mochila, que consiste em realização de oficinas de cinema pelo interior do Brasil.  Pelo projeto levei cinema a locais carentes, onde não há salas de cinema ou exibição de filmes independentes. O máximo que as pessoas tinham eram um aparelho de TV com recepção de canais abertos.

Galera - Tem algum caso interessante que você se lembre?
 
 Em Natal, no Rio Grande do Norte, entreguei uma câmera para uma senhora que não sabia nem tirar a tampinha da lente. Desse “erro” técnico ela produziu um dos vídeos mais bonitos que um aluno já me apresentou. Ela tinha um olhar impressionante sobre o meio em que vivia.
Em geral o mais marcante é o que as pessoas fazem com a câmera. A partir desse trabalho, você tem uma experiência concreta de inclusão social. Já dei oficinas em que os alunos, muito pobres, se arrumavam como se fossem ir a uma festa pra irem às aulas. Usar a câmera era algo muito importante pra eles.

Galera - Qual a maior dificuldade que você encontrou no projeto?

A maior dificuldade é financeira, já que nem sempre as entidades acreditam um projeto que tem como foco a formação do olhar antes da formação técnica. O método com o qual trabalho foge do cinema tradicional. Nele o cinema é retirado da sala e trabalhado sem qualquer idéia de glamour.

Galera - O que mais te deu satisfação neste trabalho?

Adoro conhecer novas pessoas e lugares. Já tive alunos de todas as idades. Muitos viraram meus amigos e um bom número se tornou cineasta, formaram cineclubes, enfim, aprenderam a importância de manter um acervo, realizar exibição de filmes e estar sempre aberto ao novo. É muito bom receber de um aluno um vídeo que ele fez depois de eu ajudá-lo com os primeiros passos. Tudo isto é marcante na carreira.
Mas o mais gratificante é quando finalizamos os filmes da oficina e os alunos convidam a família e os amigos para assistir a sessão. Nas exibições eu observo as reações deles. E  inevitavelmente me sinto a mais emocionada das cineastas. Nada me realiza tanto quanto ver as pessoas fazendo um filme. A sensação é impagável.

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